quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cyberbullying... parece brincadeira, mais não é.


Você já deve ter percebido que no seu grupo de amigos – seja na escola, no prédio ou na rua em que você mora – cada um possui uma característica diferente. Um é mais baixo, outro, mais gordo, uma usa óculos, outro é ruivo, uns são tímidos e outros falam pelos cotovelos. Por causa dessas características, é comum surgirem brincadeiras de mau gosto e apelidos maldosos que criticam desde os aspectos físicos até a maneira como o outro se veste. Alguns exemplos são: “rolha de poço”, “quatro-olhos”, “ferrugem”, “girafa”, entre outros. Mas, muitas vezes, essas simples brincadeiras ultrapassam o limite e perdem a graça. Dos apelidos surgem outras formas de intimidação e humilhação que causam constrangimento.

Para esse tipo de comportamento, comum entre jovens e adolescentes, os americanos deram o nome de bullying. O termo não possui tradução em português, e nós brasileiros passamos a utilizá-lo para descrever atitudes praticadas por uma ou mais pessoas que têm o objetivo de intimidar e humilhar alguém ou um grupo mais fraco.

Muito combatido por professores e educadores, o bullying não é atual. Mas suas consequências são maiores do que imaginamos. Segundo Maria Apparecida Mamede, pedagoga e doutora em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), quem sofre o bullying acaba desenvolvendo mecanismos de defesa para se afastar do problema. “O adolescente passa a evitar atividades sociais, como ir a festas, por exemplo. É comum também percebermos uma piora do desenvolvimento escolar desse aluno”, explica. Ainda segundo Maria Apparecida, o bullying precisa ser denunciado. “Quem sofre o bullying costuma fingir que nada está acontecendo. Por isso, é preciso que a vítima seja encorajada a enfrentar a situação e que converse com seus responsáveis. Caso o bullying ocorra no ambiente escolar, a direção, a coordenação e a orientação também precisam ser comunicadas, diz.

Cyberbullying

Orkut, Facebook, Msn, Twitter. Todas essas redes sociais fazem parte do nosso dia a dia. Nelas podemos manter contatos com os amigos da escola, postar fotos, enviar links, criar comunidades sobre a nossa banda predileta, etc. No entanto, muitas pessoas utilizam essas redes como meios de fazer bullying.

Esse tipo de bullying, praticado na internet, é chamado de cyberbullying. O cyberbullying pode, então, ser definido como “atitude que envolve o uso de tecnologias de informação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados, repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar outrem”. Ou seja, no cyberbullying utiliza-se da tecnologia para ameaçar, humilhar ou intimidar alguém por meio das novas ferramentas de comunicação. Ele pode ser visto em comunidades criadas com o objetivo de ofender e xingar pessoas, na manipulação de fotos e nos e-mails ofensivos que invadem o espaço íntimo da vítima.

Umas das mais graves características do cyberbullying é o anonimato, já que as chances de descobrir o autor das ações são muito menores no ambiente virtual. “Quem pratica o cyberbullying é covarde”, afirma a professora Maria Apparecida Mamede.

Tudo tem seu preço

De acordo com a delegada Hellen Sardenberg, da Delegacia de Crimes Virtuais do Rio de Janeiro, algumas formas de bullying realizadas no espaço virtual podem configurar crimes contra a honra, como injúria, quando se ofende a honra subjetiva de outra pessoa; calúnia, quando acusamos alguém injustamente e difamação, quando ofendemos a reputação de outro na sociedade. Em casos extremos o bullying deve ser tratado como crime e, no ano passado, a delegacia recebeu três denúncias. Pode parecer pouco, mas para a delegada “esse número é alto para um fenômeno recente. No entanto, antes de levar o caso à delegacia é importante que o problema seja debatido, primeiro, em casa ou no ambiente escolar”, explica Hellen Sardenberg.

Segundo a delegada, se o autor do bullying for menor que 18 anos ele responderá à infração de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, podendo ter como pena desde uma advertência até a internação em centros de recuperação. “É dever dos responsáveis e da escola evitar o problema. A primeira educação vem da família. Os responsáveis devem estabelecer limites do que o jovem pode ou não fazer na internet. E a escola também se torna responsável a partir do momento em que o bullying for feito dentro do ambiente escolar”, afirma Hellen.

Um caso ocorrido recentemente em Rondônia mostra que a internet está na mira das autoridades. O Tribunal de Justiça do estado propôs uma ação em defesa de duas jovens menores de 18 anos que foram alvo de cyberbullying em comunidades do Orkut. A Google, empresa criadora da rede social, foi condenada por danos morais e terá de pagar uma multa diária de 5 mil reais referente aos dias em que as comunidades estiveram no ar. Além disso, a empresa foi obrigada a identificar os moderadores e participantes que postaram os comentários ofensivos.

O que aconteceu em Rondônia reflete a importância de agirmos com ética e respeito às diferenças, mesmo no ambiente virtual. “O cyber espaço serve de suporte tanto para o bem quanto para o mal. No caso do cyberbullying ele é utilizado para o mal”, finaliza a pedagoga Maria Apparecida Mamede
Larissa Werneck

A Morte na web o que fazer

A gente não deseja o mal a ninguém, mas você já parou pra pensar no que vai acontecer com seu MSN quando você morrer? O que vão fazer com seu perfil no Orkut ou no Facebook? E seus e-mails importantes, o que será deles? Dá pra recuperar suas fotos no Flickr e deixá-las para alguém?
Bom, temos uma notícia boa e outra ruim. A boa é que a maioria dos seus pertences cibernéticos podem ser recuperados e, se você não quer receber homenagens digitais depois que partir dessa pra melhor, é possível deletar seus perfis no Orkut ou no Facebook. Mas aí é que entra a má notícia: eliminar rastros na internet dá um trabalho gigante.
O Superblog oferece duas opções. Na primeira, mostramos os caminhos que seus amigos e parentes devem seguir para apagar o que sobrou de você na internet. Já a segunda tem uma função mais preventiva: apresentamos serviços de “testamento virtual”, que distribuem seu legado cibernético entre os mais chegados. O que você prefere? Prevenir ou remediar? Dê uma olhada no post e decida.

O QUE SEUS AMIGOS PODEM RESOLVER POR VOCÊ

Hotmail
Não adianta insistir: a política de privacidade do Windows é muito restrita e não manda senhas para ninguém. Contudo, a empresa pode enviar os contatos e e-mails arquivados em um CD para um parente ou amigo. É preciso redigir uma solicitação contendo seu e-mail pessoal, endereço, um comprovante de que você é o responsável legal pelos pertences do falecido, uma cópia da sua carteira de motorista (!), cópia de certidão de óbito e as seguintes informações sobre a conta de e-mail:
- Endereço da conta
- Primeiro e ultimo nome do dono do e-mail
- Data de nascimento
- Cidade, estado e código postal
- Data aproximada de criação da conta
- Data aproximada do último login
Depois disso, é preciso juntar todos esses documentos e enviá-los por fax para o Custodian of Records, no número 00(XX)1 (425) 708-0096, ou por correio, aos cuidados do Windows Live/MSN Compliance, no endereço: 1065 La Avenida, Building 4, Mountain View, CA 94043, USA. Você deve escrever por fora do envelope que o conteúdo é destinado à seção Custodian of Records. Cinco dias úteis depois, o Windows Live vai procurar o encarregado pelo requerimento e conferir os dados. Tudo certo? Você irá receber todas as informações do seu chegado em casa, pelo correio.

Facebook
É preciso enviar um e-mail para a divisão de privacidade do Facebook, em inglês, com uma cópia do atestado de óbito do morto. Também é necessário comprovar parentesco com o falecido, ou a equipe do Facebook pode se negar a deletar o perfil. Se você desejar retirar apenas algumas informações mais importantes, mas manter o perfil, é possível “memorizá-lo”, ou seja, mantê-lo visível apenas para amigos adicionados. Neste caso, basta preencher este formulário, comprovando seu relacionamento com o morto, onde o conheceu, entre outros.  O Facebook não fornece nenhuma senha.

Gmail/Google Account
O jeito mais fácil de cancelar uma conta de e-mail no Google é esquecer dela. Ao completar seis meses de inatividade, a conta fica “dormente” e é necessário reativá-la para recuperar seus e-mails e arquivos. Se ela permanecer inalterada por mais três meses – ou seja, nove meses consecutivos –, ela é totalmente cancelada.
Há outro jeito de obter as informações da conta, mas para isso é preciso preparar a papelada, o inglês e a boa vontade. Para ter acesso total ao e-mail de um ente querido no Gmail, é preciso mandar um fax ou e-mail diretamente para o Google com as seguintes informações:
- Seu nome completo e informações de contato, inclusive seu e-mail;
- O endereço de e-mail do falecido;
- Um cabeçalho completo de uma mensagem de e-mail que você tenha recebido do falecido e todo o conteúdo da mensagem enviada. (Para obter o cabeçalho completo no Gmail: abra a mensagem, clique em “More Options” > “Show Original”. Copie tudo que aparecer depois de “Delivered-To”, na linha de “References”. Se você não tem e-mail no Gmail, pode conferir as exigências do cabeçalho completo neste link )
- Comprovante de óbito
- Se o conhecido tinha 18 anos ou mais, providencie um atestado que você é o representante legal dessa pessoa ou de suas posses. Se era um menor de idade e você for pai dessa pessoa, faça uma cópia da certidão de nascimento dela.
Você deve enviar todo esse material para o Google e escrever no envelope “Attention: Gmail User Support”. O endereço é 1600 Amphitheatre Parkway, Mountain View, CA 94043. Também pode enviar por fax, pelo número 00(XX)1-650-644-0358.
Depois de receber as informações, o Gmail vai precisar de 30 dias para processar e validar os documentos enviados. Se você achar que vale a pena, pode recorrer ao tribunal para tentar diminuir esse prazo. No fim das contas, até ajustar os trâmites legais brasileiros com os americanos, o processo de validação do material é bem mais rápido.

Orkut
Se você seguir os procedimentos do Gmail, pode acessar o Orkut e cancelar a conta facilmente, basta ter o acesso à conta. Outra maneira de eliminar o perfil do conhecido é clicar em “Denunciar Abuso”, selecionar a opção “Atividade Ilegal” e fornecer o maior número possível de informações, como data e causa da morte, nome completo, a relação que vocês tinham… quanto mais pessoas denunciarem o perfil da mesma maneira, maior é a chance do Orkut retirar o perfil do ar mais rapidamente.

Twitter
Uma conta inativa no Twitter é desativada seis meses depois do último login. Então, se ninguém souber sua senha, seu perfil vai desaparecer em questão de tempo. Entramos em contato com a equipe de privacidade do Twitter para descobrir se há uma medida mais específica nesse caso, mas não houve retorno.

O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA FACILITAR
Se você acha que prevenir é melhor do que remediar, prepare-se para mexer no bolso e desenferrujar o inglês. A maioria dos sites que oferecem testamentos virtuais são gringos, pagos e cobram pagamento anual, em dólares, naturalmente. Acha que compensa? Você sempre pode compartilhar suas senhas com um amigo confiável e vice-versa. Mas se mesmo assim você deseja passar seu legado virtual para a frente, confira as opções:

YouDeparted
O YouDeparted oferece o serviço completo. Além de armazenar suas senhas, logins e informações confidenciais, você pode guardar cópias de documentos e fotos, mandar uma mensagem de despedida para seus conhecidos e planejar seu funeral. Você deve indicar até 99 “beneficiários” para o serviço, que devem notificar o site quando você morrer. Quando isso acontecer, o YouDeparted distribui as informações fornecidas por você aos respectivos amigos e parentes. O site é um dos mais completos do ramo, por assim dizer, e também um dos mais baratos: enquanto você não morre, tem que pagar anualmente entre 10 e 80 dólares, dependendo do plano que você escolher, com mais ou menos memória de armazenamento.

Legacy Locker
O serviço é mais simples: você cadastra os serviços que possui e escolhe um “herdeiro” pra cada um deles, que receberá as informações por e-mail. De res
to, é igualzinho ao YouDeparted – seus amigos precisam confirmar o óbito antes de receber as informações e você pode armazenar o que quiser. A diferença é o preço: você pode desembolsar US$300 de uma vez e ter o serviço até sua morte, ou optar pelo plano anual e pagar US$30 por mês.

Slightly Morbid
Na verdade, o Slightly Morbid não guarda seus pertences, mas é uma forma de avisar que algo aconteceu com você. O usuário cadastra seus contatos, recebe um certificado e repassa instruções para uma única pessoa. Se você morrer, essa pessoa envia uma mensagem a todos os contatos cadastrados explicando o que houve. O serviço também pode ser usado da maneira contrária: se houve um acidente, por exemplo, é fácil avisar a todo mundo que você está bem. Os preços variam entre US$10 e US$50, de acordo com o número de contatos que você deseja informar.
Por Cláudia Fusco 



Desembargador. Conectado com o futuro.

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